O SNS não está condenado. Está mal organizado. E isso é diferente.

O escritor Luís Osório expressou a ideia, em artigo de opinião publicado no J.N. a 05/11/2025, de que “O Serviço Nacional de Saúde vai morrer.”
Leia o texto integral aqui!

A coluna exprime uma opinião pessoal e não nos parece sustentada em dados concretos. O autor apresenta uma narrativa pessimista: o SNS está a degradar-se inevitavelmente e, por um “imperativo da ordem do mundo”, irá deixar de garantir cuidados a todos. Afirma que o país caminhará para um modelo onde só se cuida dos “mais fortes” e onde os jovens deixariam de ter a obrigação de financiar os mais velhos.

O SNS Precisa de Reorganização, Não de Resignação

Nos últimos meses, têm surgido opiniões que anunciam o declínio inevitável do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a aproximação de um modelo onde o acesso aos cuidados de saúde deixaria de ser universal. Compreendemos a preocupação. O SNS vive, de facto, momentos de grande pressão: envelhecimento da população, carência de profissionais, tempos de espera elevados e sobrecarga dos serviços.

Mas afirmar que o SNS “vai acabar” ou que deixará de cuidar de todos não corresponde à realidade nem ajuda a construir soluções.

O que estamos a enfrentar não é o fim de um modelo.
É a evidência de que precisamos de reorganizar o sistema para o tornar sustentável e próximo das pessoas.

Este desafio não é exclusivo de Portugal. Países como Espanha, França, Itália ou Alemanha — todos com sistemas públicos de saúde — enfrentam questões semelhantes. Nenhum deles está a abandonar o princípio de universalidade. Estão, sim, a reformular práticas e formas de gestão.

Em Portugal, o caminho mais eficaz passa por:

  1. Reforçar os cuidados de saúde de proximidade e as equipas de saúde familiar.
    Quanto mais cedo se acompanha a saúde, menos se recorre à urgência e à hospitalização.
  2. Valorizar a prevenção e a promoção de estilos de vida saudáveis.
    Saúde não é só tratar a doença; é também criar condições para que as pessoas vivam bem.
  3. Colocar no centro as redes comunitárias e locais.
    Cooperativas, IPSS, associações e instituições de base territorial têm um papel decisivo na promoção do bem-estar, no acompanhamento dos idosos e no combate ao isolamento.
  4. Simplificar processos e reduzir burocracias.
    Libertar tempo dos profissionais para o que mais importa: cuidar das pessoas.

O Papel das Comunidades e das Organizações Cooperativas

As cooperativas, em particular, podem assumir um papel estratégico na promoção de cuidados de proximidade, na educação para a saúde, no apoio domiciliário, na criação de ambientes habitacionais adequados e na construção de redes de apoio social. É neste ponto que se encontra uma das chaves do futuro: integrar a saúde na vida das comunidades.

Continuar a Cuidar de Todos É Possível

O SNS não está condenado.
O que está em causa é a forma como o organizamos, como o apoiamos e como o complementamos.

Se queremos preservar um sistema de saúde acessível, justo e universal, então o caminho é de compromisso, de responsabilidade partilhada e de cooperação ativa entre Estado, sociedade civil e comunidades.

Reformular é um ato de cuidado.
Desistir seria um ato de abandono.

Enquanto cooperativa com responsabilidade social, continuaremos empenhados em contribuir para soluções que aproximem os cuidados das pessoas, reforcem a dignidade humana e promovam uma cultura de comunidade e solidariedade.

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